quinta-feira, 1 de maio de 2008

Maio Maduro Maio

Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul

Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar

Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar

Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu

Zeca Afonso

3 comentários:

AQUENATÓN disse...

LIBERDADE



Há uma palavra
cem mil vezes proibida
e outras tantas murmurada
que grita inteira no meu peito.

Há uma palavra
cem mil vezes proibida
que foi já partida e terra de chegada
e desfolho em meus dedos com certo jeito.

Palavra
cem mil vezes perdida
cem mil vezes achada.
Cem mil vezes repetida
e outras tantas desejada.

Por ela Abril floriu
naquela longa madrugada...

E se entre medos
ódios e opressões
eu não mais puder resistir

hei-de gritar a palavra Liberdade

quanto meu pensamento
ou raiva o permitir.



António Afonso

Amílcar Vasques-Dias disse...

Caro António Afonso!
(por acaso, família de José Afonso?)
Parabéns!, pelo seu belo-forte poema!
Amílcar Vasques Dias

AQUENATÓN disse...

Caro Amilcar Vasques Dias

Não, não sou família do Zeca !

Conheci-o um dia, num dos Convívio na Faculdade de Ciências, em que ele cantou as suas baladas por um livro meu, que lhe emprestei para cantar, e que tinha sido por ele publicado.

Presumo, ser um dos poucos que não foi apreendido, e que ainda conservo.

Mas sempre cantei as suas canções e fados de Coimbra, em tertúlias e serenatas académicas.

Empatias ...
abraço

António Afonso